quarta-feira, 20 de abril de 2011

Em encontro com prefeitos, Lula defende política de alianças

O PT terá que ampliar seu campo político e o arco de alianças e diálogo no estado de São Paulo se quiser ganhar eleições. Este foi um dos temas de debate do encontro de prefeitas(os) e vices do PT-SP com o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, ocorrido em Osasco, nesta terça (19).

Segundo relato do presidente do PT-SP, deputado estadual Edinho Silva, feito em entrevista coletiva à imprensa, Lula disse aos prefeitos que, o ideal é que todo mundo tivesse um vice como José Alencar. O ex-presidente se referiu ao empresário que quebrou resistências ao Partido dos Trabalhadores durante a primeira eleição de Lula em 2002.

Segundo Edinho, Lula discutiu com os prefeitos, parlamentares e dirigentes presentes a necessidade do PT agir em diálogo com os setores médios da sociedade paulista. A Capital paulista ocupou um espaço grande da reunião, devido à importância política de São Paulo e à complexidade de uma disputa eleitoral ali.

“Lula foi enfático ao dizer que a capital é muito importante para o nosso projeto e que o PT tem que, efetivamente, construir alianças para começar a dialogar com os partidos aliados e construir as condições de uma vitória na Capital”, disse Edinho.

Na opinião de Edinho, há uma mudança socioeconômica no Brasil e isso se reflete na capital de São Paulo. O dirigente petista afirmou que concorda com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em seu artigo na revista Interesse Nacional, de que a classe média não é apenas uma definição econômica, mas também cultural.

Edinho se mostrou preocupado, particularmente, com aquele novo setor social oriundo do crescimento econômico propiciado pelo Governo Lula. “Temos que entender a formação cultural desse setor, suas aspirações, seu imaginário. O PT tem que ter a sensibilidade de entender que há um setor emergente, principalmente, nos bairros tradicionalmente periféricos, que o partido tem que saber dialogar”, analisou Edinho.

Para ele não tem mágica ou receita, apenas entender aquilo que esse setor deseja, as políticas públicas que reivindica. O deputado defende que o partido esteja atento ao perfil desse novo setor, identificando qual sua produção de cultura, identidade e valores. “O PT tem que interagir e ajudar na formação desses valores, dialogar no sentido de estimular a solidariedade, a sensibilidade social, a reivindicação da inclusão social de outros setores e o desenvolvimento sustentável, que são valores progressistas. Senão, eles vão ser cooptados pelos valores conservadores como o individualismo e a competitividade”, apontou o líder petista.

Quebrar resistências

Edinho distingue claramente os setores médios em disputa nessa eleição. Durante a entrevista coletiva, os jornalistas questionaram se esses setores em disputa na Capital seriam aqueles dos redutos tradicionalmente malufistas. Edinho afirmou que se referia a setores tradicionalmente identificados com o PT e suas políticas sociais, mas que diante da emergência econômica, poderiam ser cooptados pelo campo político conservador, que tem demonstrado interesse particular nesse novo segmento.

Para Edinho, os “órfãos” de Maluf e Quércia, campos políticos conservadores, ligados ao PP e ao PMDB, que perderam influência há muitas eleições, já têm uma concepção de mundo formada e vinculada a valores conservadores. É diferente da “nova classe média”, identificada com o Governo Lula, e que passa a consumir e freqüentar novos ambientes, devendo assumir novos valores para si.

Mas Edinho defende a necessidade de um diálogo com aquela parcela mais conservadora dos paulistanos. Essa foi uma disposição do presidente Lula, também. “O PT tem que ampliar, inclusive, a política de alianças para que possa sinalizar para esses setores mais conservadores, os órfãos do malufismo, do quercismo”, disse Edinho.

Mas fundamental, mesmo, para o PT e para Lula, é a atenção direcionada aos setores médios emergentes. Edinho identifica essa parte da sociedade como aqueles jovens que estavam no subemprego ou no desemprego, sem acesso às políticas pública. Com o avanço dos oito anos do Governo Lula, as políticas sociais atingiram essa população promovendo uma ascenção social que espanta a oposição e exige cuidado do PT.

"Precisamos observar os movimentos do Kassab"

Questionado sobre a aproximação feita pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com setores de esquerda da política, ao criar um novo partido, Edinho mostrou estar atento as suas movimentações para poder formar uma opinião. Para ele, é preciso tempo para entender aonde caminha o PSD, considerando a dubiedade das afirmações de seus políticos.
“O movimento do Kassab de criar um partido de sustentação ao governo da Dilma tem que ser aplaudido por nós. Daí pra frente, nós temos que observar os movimentos políticos do Kassab, o que eles vão fazer em 2012, o que eles vão construir”, explicou o dirigente petista, enfatizando que o PT não pode ser contra Kassab vir para a base de apoio da Dilma. “Nós temos que, inclusive, elogiar”.

O deputado estadual deixou claro que está se referindo, exclusivamente, a esta definição adesista do PSD ao Governo Federal. “É claro que é um partido que está em formação programática. No momento em que ele diz que apoia a Dilma, ele está fazendo uma opção por um projeto de sociedade que está sendo desenvolvido, que é o projeto liderado pelo presidente Lula e pela Dilma. Daí pra frente... a gente não faz política com exercício de futurologia, a gente faz em cima de análises concretas”, justificou.

Linha Direta / PT-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário