terça-feira, 16 de agosto de 2011

AZARÕES DO PT EM SP, ZARATTINI E TATTO APOSTAM EM DESGASTE DE MARTA E HADDAD

15/08/2011 - 09:19h - Davi Zocoli/Valor – 7/4/2009 - Caio Junqueira | VALOR
De Brasília

A operação da Polícia Federal que prendeu um dos mais próximos aliados da senadora e ex-ministra do Turismo Marta Suplicy criou em setores do partido a expectativa de

que ela desista da pré-candidatura a prefeita de São Paulo. Em especial, dois deputados federais que integravam seu grupo mas que após desavenças na campanha eleitoral de 2010 se afastaram dela e agora têm projeto próprio.

Carlos Zarattini, ex-secretário municipal de Transportes e das Subprefeituras; e Jilmar Tatto, ex-secretário de Abastecimento, Subprefeituras; Transportes e Governo da gestão Marta, entre 2001 e 2004, figuram como azarões no embate interno na legenda e precisam superar três obstáculos para prevalecer. O primeiro, a desistência de Marta e a migração para eles do eleitor da senadora, de dentro e fora do PT. O segundo, o ministro da Educação Fernando Haddad, cuja candidatura, ungida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é considerada por ambos como “a negação da política”.

“A Marta já teve oportunidade várias vezes na vida. Foi três vezes candidata a prefeita, uma a governadora e uma a senadora”, diz Zarattini. “Há um esgotamento político da Marta, que precisa se reciclar, se refazer politicamente na cidade, reconstruir pontes que foram fechadas por ela”, declara Tatto, que também questiona se, no imaginário petista, é possível aceitar alguém recém-eleito como a senadora deixar o cargo para um suplente de outro partido (no caso o PR, que tem a primeira suplência da petista).

Em tese e segundo avaliações do grupo, considerando-se o tamanho de cada corrente interna do PT paulistano, o maior beneficiado com uma desistência de Marta seria Zarattini. Sua corrente, a Novo Rumo, tem mais de 35% do diretório municipal. O grupo de Tatto tem 22% do diretório, ao passo que o de Marta tem 20%; e a de Haddad, 10%. Mas integrantes do partido dizem acreditar que, em um processo interno, essas transferências não são automáticas. O que vale também para colocar em xeque até onde o apoio de Lula será determinante.

Luiz Carlos Murauskas/Folhapress


Tatto: “Haddad não gosta de política, não tem a vibração que candidato precisa ter”
“Há sim um setor do PT que não quer saber, que o que Lula fala é lei, que não quer debate. Essa é a parte pobre da política. Mas no geral tem um pessoal que não se influencia. Que não é tão automática assim essa transferência”, diz Tatto. Em sua avaliação, Lula coloca o ministro “em uma fria”, “porque Haddad não gosta de política, gosta de universidade, e para o processo eleitoral, o eleitor percebe que ele não tem pegada, não tem a vibração que um candidato precisa ter”.

Zarattini acha que Haddad não é conhecido no PT, pelas lideranças de bairro, pelos militantes, e que o apoio de Lula não resolve esse problema. “Se o Lula entra em campo de fato e chama as lideranças, e essas lideranças repassam para baixo esse apoio ao Haddad, aí realmente vai dar uma desequilibrada. Mas não sei se ele vai se envolver tanto assim a fundo”.

Tanto Zarattini quanto Tatto acham que se forem realizadas prévias as chances de o candidato preferido de Lula vencer são diminuídas (por isso o ex-presidente não quer prévias), assim como – mas em menor grau – se a opção for por um congresso municipal com os cerca 500 delegados da cidade. Alegam que, quanto mais gente participar do processo, mais diluído ele ficará, o que diminuiria as chances de um candidato sem antiga interlocução com os filiados.

Nesta seara e sem a presença de Marta, apostam, o embate seria mesmo entre ambos. E aqui apresenta-se o terceiro obstáculo de cada um. “Entre eu e o Zarattini não podem ficar os dois, só um de nós”, diz Tatto. A razão, com a qual Zarattini compartilha, é que eles detêm o mesmo perfil: são novidade em uma disputa para o Executivo municipal, participaram do governo Marta, e têm base consolidada no município de São Paulo. Tatto foi o petista mais votado na capital paulista, com 170 mil votos, seguido de Zarattini, com 108 mil.

Zarattini acha que é o mais capacitado para entrar em um dos setores tradicionalmente mais alheios ao petismo em São Paulo: a classe média (a “antiga”, não “a nova”). Em razão disso, aposta em um discurso de redução do custo de vida da população por meio de redução de impostos e ainda no resgate do discurso petista pré-governo Lula: o combate à corrupção. Principalmente por meio da punição de empresas corruptoras. Mas é crível falar em ética após as denúncias de corrupção do governo Lula? “Temos que olhar para a frente. Não quero discutir mensalão, aloprados, quero saber quais medidas temos que tomar para evitar isso”, diz.

Tatto fala sobre os problemas da mobilidade urbana da cidade, principalmente as que afetam a periferia e a “nova” classe média. Diz que a campanha tem que focar os benefícios que uma prefeitura parceira do governo federal pode trazer para obras de infraestrutura que beneficie as classes mais baixas da população. “É nessa área que entro com precisão por ter sido secretário municipal de Transportes quando foi feita uma revolução na área no governo Marta.”




INTELECTUAIS LIGADOS AO PT SE UNEM EM APOIO A HADDAD

Aliados querem que grupo que se reuniu com ministro na sexta divulgue manifesto favorável à sua pré-candidatura

Novato em disputas na sigla, favorito de Lula para a Prefeitura de SP em 2012 busca vencer resistências no partido

VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

Um grupo de cerca de 30 intelectuais ligados ao PT se reuniu na sexta-feira na casa do ministro Fernando Haddad (Educação) em um jantar de apoio à sua pré-candidatura

a prefeito de São Paulo no ano que vem.
Aliados do ministro articulam a divulgação de um manifesto de acadêmicos em apoio à candidatura, embora o tema não tenha sido debatido durante o jantar.
Entre os participantes do encontro estiveram os filósofos Vladimir Safatle, que é colunista da Folha, e Marilena Chauí, o cientista político André Singer, o jornalista Eugenio Bucci e a psicanalista Maria Rita Kehl.
Novato em disputas na sigla, Haddad iniciou há duas semanas um périplo pelos diretórios zonais do partido, em caravanas que reúnem todos os pré-candidatos.
Paralelamente, busca apoios que legitimem sua candidatura para além da preferência já manifestada pelo ex-presidente Lula.
A Folha apurou que, no jantar, Haddad fez um diagnóstico da cidade e criticou o "esgarçamento" da relação entre o PT e setores médios da sociedade, entre os quais a intelectualidade.
Disse que deseja implantar o ensino integral em toda a rede da cidade, criticou a parceria com Organizações Sociais na saúde e disse que a prefeitura deveria conter a especulação imobiliária.
Alguns dos participantes do jantar têm antiga relação de amizade e profissional com Haddad. Eugenio Bucci e ele militaram no mesmo grupo político no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, no início dos anos 1980.
"O ministro Haddad é a pessoa mais vocacionada que conheço para exercer um cargo no Executivo", disse Bucci há duas semanas.

COSTURA POLÍTICA
Paralelamente à aproximação com os acadêmicos, Haddad conta com Lula e seus aliados mais próximos no PT para tentar vencer resistências da militância.
Graças ao apoio do presidente estadual do partido, Edinho Silva, um dos diretórios zonais, do Ipiranga, anunciou que não fará parte do ciclo de debates entre os postulantes e antecipou a preferência por Haddad.
Lula procurou um dos principais apoiadores da senadora Marta Suplicy, o líder do governo Candido Vaccarezza, e lhe pediu ajuda para evitar as prévias na capital.
Outra tentativa de mostrar força política, porém, fracassou. "Haddadistas" como Edinho e os prefeitos Emídio Souza (Osasco) e Luiz Marinho (São Bernardo) tentaram articular uma moção de apoio da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), que tem 25% do diretório da capital, ao ministro.
As expectativas foram frustradas quando o deputado Ricardo Berzoini se recusou a assiná-la e criticou a tentativa de cercear a democracia interna.

Um comentário:

  1. Tatto E Zarattini não serve nem para cordenar uma campanha, contro mais para candidato do pt,

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