quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O CÂNCER, O SUS E A HIPOCRISIA

Tomo aqui a liberdade de expor - sem meias verdades e sem autorização da principal interessada – os fatos ocorridos nos últimos quatro anos e meio. Tirem suas conclusões conforme queiram:


Em maio de 2007 minha esposa detectou um pequeno nódulo na mama esquerda durante um auto-exame. Procurou o SUS e foi atendida pelo Programa “Saúde da Mulher”. Foram dois meses até a conclusão dos exames de ultrassonagrafia e mamografia, além das consultas com mastologista e urologista. No entanto os exames laboratoriais revelaram um certo agravamento no antigo problema urológico (cálculos renais recorrentes e forte infecção). O quadro não recomendava cirurgia de mama enquanto não se tratasse os rins. Por fim, em agosto daquele ano os exames foram repetidos e a cirurgia foi marcada para 03 de Setembro pelo médico do SUS, um mastologista Professor Doutor. Suas suspeitas se confirmaram e o pequeno nódulo já havia crescido para cerca de 2,5 cm, tendo “escapado” para a axila. Talvez aqueles vinte e poucos dias de tratamento da infecção tenham sido determinantes; talvez não. A retirada de parte da mama e o esvaziamento da axila nos afetaram profundamente, mas o tratamento prosseguiu dentro do cronograma. Em outubro a quimioterapia começou com toda a devastação que lhe é peculiar, principalmente quando se trata de um câncer altamente agressivo, como era o caso. Findas as 06 sessões de quimioterapia começaram as 25 sessões de radioterapia (de 04 a 05 por semana). Após isso começou o tratamento quimioterápico oral (TAMOXIFENO), que promete se prolongar por mais um ano e meio.

Neste período os exames clínicos e de imagem são semestrais. Também semestrais são as consultas com a mastologista (o SUS perdeu para a rede privada o nosso “amigo” professor universitário que realizou a cirurgia). Com os oncologistas as consultas são variadas. Com o responsável pelo acompanhamento quimioterápico ela tem consulta bimestral. Já com a responsável pela radioterapia as consultas eram semestrais até dois anos após a cirurgia.

Há uma semana estivemos com a mastologista, com os últimos resultados dos exames. A ressonância magnética indica um pequeno nódulo (linfonodo) estável há três anos na região da mama, classificado como BI-RADS 2. Comparado com as diversas mamografias anteriores optou-se por manter o acompanhamento, passando de semestral para anual.

Moramos numa cidade do interior, com 45 mil habitantes e um único hospital, que sequer tem UTI. Todo o tratamento foi e é custeado pelo SUS, exceto por um único exame (LINFONODO SENTINELA) que infelizmente foi inútil, na tentativa de preservar a axila. Todos os traslados entre a cidade em que moramos e os hospitais onde são realizados exames de imagem e consultas são custeados pelo SUS, embora muitas vezes eu prefira abrir mão desta facilidade e ir no meu próprio “poçante” Voyage ano 1990, para poder acompanhar as consultas.

Então, o idiota que vier dizer para Lula se tratar pelo SUS, que mande Lula falar comigo. Conheci médicos excelentes nos últimos quatro anos e posso indicar. Ganhasse eu mais do que um salário-mínimo por membro da família e não tivesse duas filhas na faculdade, talvez eu tivesse um bom plano de saúde, mas não ganho e não tenho. Então, que se danem todos. Minha mulher está ótima e otimista!

Graças a nós... e ao SUS!

Reinaldo

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