Não pude deixar de responder ao artigo do jornalista Gilberto Dimenstein, publicado hoje na Folha.com
A seguir o texto de Gilberto Dimesntein e, depois, a resposta encaminhada.
Fernando Haddad começa mal por Gilberto Dimenstein - 09/11/2011 -
A declaração do ministro Fernando Haddad sobre a desocupação da reitoria da USP foi um desastre. Não teve absolutamente nada de educativa. Em vez de pregar o respeito à lei e ao Estado de Direito, sugeriu a aceitação à desordem.
Haddad disse que a polícia não poderia tratar a USP como se fosse a cracolândia, e a cracolândia como se fosse a USP.
O problema, entretanto, não é a maconha (os leitores aqui sabem que sou favorável à descriminalização).
O problema é que um prédio público foi invadido numa ação radical e minoritária. A Justiça determinou a reintegração de posse. E a polícia cumpriu.
Exatamente, aliás, como estão fazendo com os sem-teto que invadiram nesta semana prédios na cidade de São Paulo.
O que Haddad está dizendo, na prática, é que invadir um prédio público pode, em certas circunstâncias, ser aceito por todos e amparado pela Justiça.
Para tentar agradar o eleitor, Haddad tentou se mostrar contra a ação policial. O que poderia soar bem. Errou: aquele grupo não representa nem a comunidade da USP. Muito menos o eleitor.
O desastre, porém, é que se Haddad for eleito, será cobrado por desocupar prédios públicos invadidos.
Ou seja, ele começou mal sua campanha eleitoral.
Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.
"O Caso da USP"
Gilberto Dimenstein parece não ter conseguido fazer a devida ponderação e análise desapaixonada em seu artigo, cujo título espampa "Fernando Haddad começa mal". A começar dai, deixa de apreciar o fato da invasão, desocupação e os comentários e opiniões feitas por personalidades, para transformar a opinião do Ministro como ato de campanha.
Aliás, parece ter esquecido que o Ministro é da Educação e sua opinião deve ser considerada pertinente, pois a chamada "autonomia universitária" é um valor histórico e consagrado na Constituição de 1988. Recomendaria a leitura de quem já fez essa reflexão. Por exemplo: Simon Schwartzman "A Autonomia Universitária e a Constituição de 1988" de quem se pode discordar, mas reconhecendo que faz uma reflexão séria. Porque não arguir o Ministro sob esses aspectos?
Ademais, o vício de análise simplória revela que o articulista não lê o jornal em que escreve (vide o que diz Vera Magalhães: "O ministro também criticou a invasão da reitoria, que considerou um ato "arbitrário" e "autoritário" de uma minoria".
Talvez sua contribuição deva permanecer no campo das indicações de "catraca livre" e da divulgação de projetos importantes realizados em vários rincões.
Lembro, por fim, de minha professora de filosofia no antigo Colegial-Clássico quando afirmava que determinadas profissões são formadas por "especialistas em generalidades" ou ainda a história de Apeles: "Apeles, um pintor grego, estava pintando um retrato, um sapateiro viu a cena representada na tela e criticou o desenho das sandálias, o pintor acolheu a crítica e corrigiu a obra, cheio de si o sapateiro resolveu criticar o restante do quadro, e a expressão de Apeles: Sapateiro, não vá além das sandálias foi pronunciada e mais de mil anos depois ainda temos pessoas que nada tem a ver com o seu negócio opinando".
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