quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

11/01/2012 - 07h29

Centro para viciados em crack será aberto sem atendimento de saúde

DIÓGENES MUNIZ
EDITOR-ADJUNTO DA TV FOLHA
A vice-prefeita e secretária de Assistência Social de São Paulo, Alda Marco Antônio (PSD), afirmou ontem à Folha que o novo centro para acolhimento de usuários de drogas, no Bom Retiro, será lançado mesmo incompleto.

"A plena carga, só no final de fevereiro, comecinho de março", disse.
O "Complexo Prates", como está sendo chamado, é divulgado pela prefeitura como um "centro especial" por conjungar tanto a assistência social --com área de convivência e albergue-- quanto o atendimento de saúde --com AMA (Assistência Médica Ambulatorial) e Caps-AD (Centro de Apoio Psicossocial Álcool e Drogas).
Em visita ao local, na rua Prates, a reportagem verificou que a área reservada ao atendimento de saúde nem sequer foi erguida.
A gestão Kassab decidiu lançar o complexo no início do próximo mês mesmo assim.
A prefeitura informa em seu site que "as obras do Complexo Prates receberam R$ 8 milhões em investimentos e estão previstas para serem entregues no começo de fevereiro".
"É uma pena, pois inaugurar tudo junto seria um ganho", admitiu a vice-prefeita ontem, no local.
Conforme publicou a Folha na última sexta-feira, Gilberto Kassab (PSD) e Geraldo Alckmin (PSDB) adiantaram a operação na cracolândia por temer uma ação do governo federal, o que os deixaria em desvantagem política diante do PT.
AÇÃO DESCOORDENADA
A vice-prefeita nega, no entanto, que o complexo de atendimento a viciados e moradores de rua esteja ligado à intervenção recente na cracolândia. Ela diz ainda que soube da deflagração da operação às 10h da mesma data em que ocorreu (último dia 3).
Enquanto o atendimento de saúde do complexo não fica pronto, a prefeitura vai oferecer no local a possibilidade de os dependentes químicos tomarem banho, dirigirem-se ao albergue para alimentação e descanso e, nas palavras da vice-prefeita, "se distraírem".
"São várias armas [para tirar os viciados das ruas]. A bola [de futebol] é uma mágica. A bola funciona com quase todos. Temos todos os joguinhos que têm nos bares de São Paulo. Pebolim é muito querido. Tênis de mesa, menos, mas também [é querido]. E temos jogos de tabuleiro", descreve a vice-prefeita.
O centro deve abrigar 1.200 pessoas. O local fica a pouco mais de um quilômetro do epicentro do crack.
"[O visitante] tem que gostar daqui. Ele tem que se sentir seguro. Tem que se sentir não-patrulhado", diz.
Colaborou: ANDRÉ FELIPE

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