segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

 Gilberto Dimenstein escreve sobre como a população está percebendo a ação de governo na Cracolândia. Reportando a pesquisa da Datafolha, o artigo coloca questões importantes para análise. 
Entretanto, entendemos que precisa de alguns reparos, expressos enviados ao articullista. Vejam abaixo.

 Alckmin e Kassab venceram?

A pesquisa Datafolha sobre o apoio à operação dos governos estadual e municipal na cracolândia dá a seguinte resposta: até agora, pelo menos politicamente, Alckmin e Kassab venceram. E com folga: inclusive entre os eleitores do PT.

Mas essa é a primeira batalha --e a guerra está apenas no começo.

A verdade é que, para a opinião pública, atemorizada com a questão da segurança, viciado é uma questão de polícia, não social. É uma visão pobre, mas é assim que funciona. A ação do governo tem óbvias falhas (em parte por questões eleitorais), mas oferece imagens de polícia na rua. O que, para alguns, é higienismo, para a maioria é limpeza. Muita gente acha que o viciado é o único culpado de seu vício.

A vitória do governo é, porém, parcial e vai estar condicionada a uma sensação de ordem --o que pode acabar se forem criadas muitas pequenas cracolândias espalhadas pela cidade.

O poder público vai ter que, na marra, coordenar as ações de repressão, tratamento e prevenção para continuar seduzindo, num ano eleitoral, a opinião pública. Até porque o governo não tem como voltar atrás, e a questão entrou na agenda da cidade. O que é bom.

Isso mostra que, entre erros e acertos, as vantagens são maiores. Como estava antes, não vai ficar.


Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Em colaboração com o Media Lab, do MIT, desenvolve em São Paulo um laboratório de comunicação comunitária. É morador da Vila Madalena.

E-mail enviado:
Caro Gilberto

De modo geral, a abordagem que você faz está correta.
Talvez, até para dar conta dos cenários que você mesmo aponta, fosse melhor terminar o artigo dizendo: Como estava antes, não vai ficar. Pode melhorar ou ficar muito pior!
Nesse fim de semana, pude observar em uma feira na zona leste da cidade (cerca de 15km da Cracolândia) a movimentação de 5 cinco jovens, nitidamente oriundos da região da Cracolândia. A presença deles causava estranhamento e olhares apreensivos. Caminhando em grupo por entre as barracas, serviam-se de frutas; o que, mesmo tendo o consentimento do feirante, causava expressões de temor.
O que pode já estar em curso é o estabelecimento daquilo que você aponta como uma possibilidade: "se forem criadas muitas pequenas cracolândias espalhadas pela cidade". O agravante é que, ao espalhar-se pela cidade, mil cracolândias deixarão de ser notícia tão impactante quanto a que a que propiciava a anteriormente existente, concentrada na área da chamada "Nova Luz" (que o governo de São Paulo pretendia transformar numa vitrine da cidade).
Abraços
Alair Molina
(11) 8145-3242


Nenhum comentário:

Postar um comentário