quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O ministro Fernando Haddad, que deixa o cargo na próxima semana para disputar eleição
Haddad afirma ser difícil fazer aliança com Kassab
Petista recebe sem entusiasmo oferta de apoio do prefeito na eleição municipal
Às vésperas de deixar o governo para se dedicar à campanha, ministro diz que plano de Kassab é lançar Serra ou Afif
Alan Marques/Folhapress
FÁBIO TAKAHASHI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
RENATO MACHADO
DE BRASÍLIA

O assédio do prefeito Gilberto Kassab (PSD) ao PT para formar uma aliança na eleição municipal de São Paulo foi recebido sem entusiasmo pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, pré-candidato petista à prefeitura.
Em entrevista à Folha anteontem, ele disse que Kassab prefere fechar um acordo com os tucanos para lançar o ex-governador José Serra (PSDB) ou o vice-governador Guilherme Afif Domingos (PSD).
Ele deixou claro que, em sua visão, a prioridade do prefeito não é apoiá-lo. "Não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse", disse.
O plano original de Kassab esbarra em dois problemas: Serra resiste a se candidatar à prefeitura, e o PSDB, com aval do governador Geraldo Alckmin, rejeita apoiar Afif.
A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que Haddad deixará o Ministério da Educação na terça para se dedicar à campanha.
Folha - Em setembro o sr. disse que a gestão Kassab era provinciana. Como avalia agora a possibilidade de aliança com o partido dele, o PSD?
Fernando Haddad - Eu comentei que não tinha conseguido fazer a quantidade de parcerias que desejava com São Paulo. Os problemas na cidade não são simples.
Como pré-candidato, tenho conhecimento da máquina federal que me faz crer que oportunidades podem ser oferecidas aos paulistanos, algumas das quais eles nem sequer conhecem.
E a possibilidade de aliança com o prefeito?
O que Kassab disse ao presidente [Lula], e eu ouvi do próprio presidente, é que seu projeto continua sendo o anunciado: oferecer apoio ao Serra ou receber apoio ao Afif. Ele reiterou isso, inclusive nos jornais. Este é o plano dele.
Foi um gesto de generosidade dele elogiar o PT, mas não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse. É isso o que me chegou.
A recomendação que fiz ao PT foi fazer um balanço da nossa relação com os partidos da base da presidente Dilma. O movimento [de negociar com o PSD] é muito novo e precário.
O sr. se sentiria incomodado com um vice do PSD?
Estou estudando a cidade. Neste momento, estou abrindo a discussão com setores simpáticos não petistas para debater mobilidade, saúde, educação, urbanismo.
O segundo momento é o gesto em direção aos partidos da base da presidente Dilma. Qualquer que seja o cenário, procurar uma aproximação com esses partidos.
O que o sr. acha da possibilidade de ter Gabriel Chalita [PMDB] como seu vice?
Estarei sempre aberto para discutir com o PMDB. Mas eles já estão em uma posição mais adiantada [de lançar Chalita]. À parte da amizade que temos, vamos manter a interlocução permanente.
O sr. já foi acusado de ser um "estrangeiro", confundiu Itaim Paulista com Itaim Bibi...
É uma crítica que desqualifica o debate. O que vai ajudar São Paulo é discutir ideias.
O Enem (exame do ensino médio) teve sucessivas falhas. Como responder às críticas?
Os problemas foram pontuais. Não estou falando de 2009, um ano atípico. Estou falando das questões pontuais de 2010 e 2011. Foram localizadas, de fácil superação.
Farei do Enem, do ProUni [bolsas para alunos pobres nas universidades privadas], do Sisu [seleção de vagas nas federais] bandeira de luta pela democratização do acesso dos estudantes da escola pública às universidades.
Me orgulho muito e não terei dificuldade em discutir um assunto que me enche de paixão e de orgulho.

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