janeiro 14, 2012
Os valentões donos de São Paulo
Janeiro de 2011: o ataque de Alckmin aos estudantes que protestavam contra o aumento abusivo das tarifas de ônibus. Clique: http://youtu.be/dDOm6g2V3ds |
Nem é o caso aqui de colocarmos todo o PSDB ou DEM na mesma panela de Serra, Alckmin e Kassab. Mafiosos encravados há vários mandatos no comando de São Paulo, estes três possuem identidade diferenciada no leque da direita brasileira. O limite deles é o mesmo de um estuprador, de um agressor de namorada, esposa ou de um zagueiro pé-de-cabra. Frequentemente apelam para truculência contra o povo que reivindica ou protesta, mesmo que pacificamente. Outro dia, em seu meio-mandato rumo à derrota de 2010, lá estava José Serra dando porrada nos professores da rede pública em plena Avenida Paulista. Em seguida, Kassab que mal havia assumido a prefeitura, foi gravado pelas câmeras de TV insultando, aos berros, um cidadão que reclamava do péssimo atendimento da saúde em São Paulo (veja o vídeo aqui). Ainda no início de seu mandato, seus caminhões pipa dirigiam os jatos de água sobre os catadores de lixo reciclável e suas carroças enquanto dormiam durante a lavagem noturna das ruas do centro. Desde aquela época, sua gestão higienista já visava escorraçar para a periferia gente que “destoa”. —>
Hoje, Alckmin é o valentão que ataca os doentes da Cracolândia, os alunos da USP, o povo que reclama dos aumentos abusivos das passagens de ônibus… Mas em seu mandato anterior, foi ele quem apanhou do PCC e se rendeu aos seus chefes miando fino e fazendo concessões em acordo secreto depois de assistir, por duas longas semanas, a cidade sendo transformada em praça de guerra e vários de seus policiais sendo assassinados.
Fevereiro de 2010: Kassab distribui porrada no protesto dos alagados da periferia. Clique na imagem para ler a matéria. Imagem Nelson Antoine/Foto Arena/AE |
De tão viciados no eterno troca-troca em famíglia, muitos setores dos seus governos andam por conta própria. As empreiteiras – irmãs de sangue de Maluf e amigas íntimas de Kassab e Alckmin – deleitam-se há vários mandatos no baile financeiro blindado das obras inúteis como o Rodoanel, duplicação das marginais ou a ponte estaiada sobre o Rio Tietê. Mesmo privilegiando o transporte individual, não conseguem dar vazão ao trânsito caótico de uma São Paulo que só consegue respirar em feriados prolongados. Para o povão, constroem 1 km/ano de metrô mantendo-os enlatados na ida e volta ao trabalho além de cobrarem as passagens mais caras do Brasil nos ônibus igualmente insuficientes.
aqui).
Eternamente amparado pela conivência do PiG amigo, o trio vende à opinião pública paulista uma Suíça, mas entrega uma Bagdá. Como nunca aprendem, mesmo depois de anos de “experiência”, Serra, Alckmin e Kassab ainda enxergam a governança por dois prismas: o primeiro é o clássico trampolim nos degraus que levam ao Palácio do Planalto. (E quando não alcançam a meta, têm garantidas de volta as cadeiras do governo e da prefeitura.) O segundo, é o da comunicação. Neste quesito, ainda estão no século passado, onde o que mais importava não era o fato em si, mas a maneira de noticiá-lo ou mesmo omití-lo por completo. Latrocínio, por exemplo, tornava-se “morte por causa desconhecida”, maquiando, assim, os índices de criminalidade. Cortes nas despesas com a varreção das ruas o e recolhimento do lixo (que nos últimos anos transformaram São Paulo na maior cidade-lixeira do Brasil) são resultado, segundo eles, do “paulistano ser porco por natureza” (veja aqui). E não adianta questionar qualquer maracutaia em suas gestões: sua base na Assembléia de São Paulo engaveta até pensamento contrário a eles.
Até hoje, passavam seus mandatos inteiros chutando o traseiro do paulistano que, por sua vez, “desculpava-se nas urnas” por merecer isso. Mas, este ano, há um cheiro diferente no ar desta cidade. Será o “super cabo eleitoral” se preparando para dar “um bote chamado Haddad”? Toc, toc na madeira! Dessa vez nem o PiG vai conseguir dar um jeitinho…
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