sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O debate continua "fervendo" na mídia. a Carta Capital publica artigo de Matheus Pichonelli e contraditado por artigo publicado no Blog os Amigos do Presidente Lula.  Extraido do BLOG COBRA NOTÍCIAS.

Matheus Pichonelli
Tudo, menos a coerência
O que o prefeito Gilberto Kassab oferece ao PT parece tentador. Em troca de um vice, o líder do PSD promete reunir outras siglas em torno de Fernando Haddad, apoio dos vereadores kassabistas e a interlocução com líderes religiosos.
O sonho de consumo do PT é encontrar para Haddad um novo José Alencar. Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e recém-filiado ao PSD, poderia ser o nome.
Como Alencar na chapa de Lula em 2002, Meirelles ajudaria a acalmar os ânimos da classe média ainda resistente ao PT, sobretudo em São Paulo. Kassab, ao que consta, prefere outros nomes. E tem seu plano A: lançar Guilherme Afif, vice-governador de São Paulo, em uma cabeça de chapa, ou indicar um vice para José Serra, caso o tucano decida se lançar candidato. 
No PT, tudo parece negociável, e, apesar da gritaria ensaiada pelo diretório paulistano, a ideia de se aliar ao prefeito parece agradar muita gente no partido. Sabendo disso, Kassab foi direto à rainha do xadrez: Luiz Inácio Lula da Silva.
Nessa época do ano, tempo extra na propaganda de tevê e apoio nas bases eleitorais costumam falar mais alto do que a coerência. Falta combinar com o candidato, aparentemente o mais cauteloso sobre o andamento da negociação.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Haddad classificou como “um gesto de generosidade” o elogio do prefeito ao PT, mas avisou: “não podemos deixar de ter clareza de que o projeto que está em curso não é esse”. E lembrou que a conversa com o PSD ainda é “muito nova e precária”.
Faltou dizer que é perigosa. Kassab, em seu penúltimo ano como prefeito, praticamente mais cuidou do seu PSD do que dos problemas de sua cidade, como a presepada na cracolândia, as promessas não cumpridas (e as áreas verdes? e os corredores de ônibus?), os absurdos das leis de zoneamento, a moralização da vida noturna por asfixia, a militarização das subprefeituras, as suspeitas na inspeção veicular ambiental e uma implosão malsucedida – que ele negou ser malsucedida.
Chega à reta final mal avaliado e sem ter conseguido mostrar ao eleitor outra marca sua a não ser a habilidade em costurar acordos políticos (é amigo dos tucanos em São Paulo, e dos petistas, no governo federal) e a Lei Cidade Limpa, que já data da gestão passada.
Não por outro motivo, vê sua popularidade cair a cada nova pesquisa de opinião, embora tenha em mãos uma carta potente para reverter o quadro: a possibilidade de acelerar os gastos públicos do Orçamento em pleno ano eleitoral .
Hoje, contudo, sair na foto ao lado de Kassab seria tão ou mais eficaz do que levar ao palanque o Compadre Washington. Em recente pesquisa Datafolha, boa parte dos eleitores demonstrou estar disposto a votar num candidato apoiado por Lula ou Dilma Rousseff – estes, sim, mais populares e mais bem avaliados que o prefeito paulistano.
Na oposição, o PT passou os últimos quatro anos apontado os erros da gestão Kassab, e muitos ainda se lembram da tensa campanha em 2008 entre Marta Suplicy e Kassab, eleito pelo arqui-inimigo DEM. De repente, dizer que estava tudo bem, que tudo foi um engano e que todos cabem no mesmo barco fatalmente soará estranho  .O eleitor pode ser influenciado pelo tempo de tevê. Mas, em política, se tem algo que ele não perdoa é a contradição.

ARTIGO DO BLOG AMIGOS DO PRESIDENTE LULA
Na revista Carta Capital, um artigo de Matheus Pichonelli instiga com uma
análise sobre uma aliança nas eleições paulistanas entre o PT e Kassab,
indicando o vice.

Seu argumento chave é a falta de coerência.

Vamos analisar friamente, lembrando que tal aliança ainda é incerta, apesar
de ter aumentado a probabilidade nos últimos dias:

Uma coisa é o PT aderir.

Outra coisa bem diferente é aceitar adesões.

No primeiro caso, o PT estaria se submetendo ao plano de governo do
adversário, e isso sim seria inaceitável.

No segundo caso é o adversário quem estará se submetendo, ainda que sempre
seja necessário fazer concessões em uma aliança.

É preciso entender que, no Brasil redemocratizado, governar assemelha-se a
administrar o caos político.

É montar o quebra-cabeça com os fractais do poder dispersos em vários
partidos e forças políticas heterogêneas, da melhor forma possível para
conseguir executar ao máximo as políticas públicas programáticas.

O que não é aceitável é só a busca do poder pelo poder, abandonando os
compromissos populares.

Se a aliança sair e se vencer, o PT terá que fazer concessões, deixando
espaço para o PSD de Kassab na prefeitura.

Mas não terá que fazer o mesmo, se eleito? Com o próprio PSD ou com outros
partidos de centro e direita, para ter maioria entre os vereadores? Aí como
fica a coerência?

Quer a perfeição da coerência política? Fique nas universidades escrevendo
teorias utópicas, ou em partidos que, na verdade, não oferecem à população
uma alternativa de poder, deixando os demo-tucanos de sempre no poder
paulista.

O povo mais pobre tem pressa em ter governos que possam chamar de seus (que
viabilizem boas políticas públicas que atendam suas necessidades óbvias), e
se o atalho for essas alianças, que sejam feitas, como fez Lula desde 2002.

O que a campanha do PT perderá é o discurso coerente de oposição municipal,
e só.

Mas desde quando só coerência ganha eleição em São Paulo ?

Coerência entre candidato e vice com mesmo perfil, costumam somar zero
votos eleitoralmente.

Em 2004 o PT esnobou uma aliança com o PMDB e lançou a chapa puro-sangue
Marta Suplicy-Rui Falcão.

A soberba levou a perder uma prefeitura que comandava, e com um governo bem
avaliado pela população.

Por outro lado, se perde a coerência do discurso oposicionista à Kassab,
permite a Haddad fazer uma campanha mais propositiva, coisa que o eleitor
prefere à baixarias, sobretudo quando não existe crise econômica, e quando
ele não vota com raiva.

E se a campanha é propositiva, Haddad pode manter-se coerente, fazendo
críticas construtivas.

Simples, não?

Há outros argumentos fortes para justificar as conversações sobre uma
aliança:

Ainda que a adesão de Kassab pouco fortalecesse o PT, enfraquece muito os
adversários.

Tal aliança, sempre é a contragosto da militância do PT e de outros
partidos de esquerda, mas no fundo, todo mundo engole o sapo, porque sabe
quem é o cabeça de chapa, e só meia dúzia de votos irão para o PSOL,
enquanto ganhará pelo menos uns 10% do eleitorado paulistano desorganizado,
sensível à máquina da prefeitura.

Quem acha que Kassab não tem voto, responda então, como ele saiu do 4o.
lugar e venceu Marta em 2008?

Por fim, Matheus Pichonelli compara mal a situação atual com a escolha de
José Alencar com vice de Lula em 2002.

O vice de Haddad nada tem a ver com o contexto Lula/Alencar.

Haddad já tem um perfil palatável para a classe média paulista e nem mesmo
assusta a elite paulista (apesar de sempre preferirem um demo-tucano).

Haddad precisa de voto é no povão.

Na falta de um vice popular, a estrutura política montada por Kassab que
funcionou em 2008 não é de se desprezar.

Enfim, ninguém sabe ainda se essas alianças sairão ou se são blefe.

Mas a mal-sucedida soberba de 2004, recomenda que as portas do diálogo
sejam mantidas abertas.

Em tempo: o blog, que não é instância partidária, não retira uma linha das
críticas à Kassab e sua gestão, e continuará criticando sempre que houver
motivo.

Também não abre mão da rigorosa apuração dos escândalos de corrupção que se
passou tanto na gestão de José Serra na prefeitura, como na de Kassab, doa
a quem doer.

E espera que Haddad ou seja quem for que seja eleito, corrija coisas
contestadas até pelo ministério público, como a terceirização da merenda
escolar.

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