Kassab subiu no telhado, mas isso é só um detalhe…
Há alguns dias o
ex-governador José Serra vem mantendo encontros sistemáticos com Orjan
Olsen, presidente da Analítica Consultoria e um dos pesquisadores
preferidos do tucanato. Olsen estaria fazendo pesquisas qualitativas em
que o nome de Serra é apresentado a grupos de eleitores da cidade de São
Paulo para saber quais seriam as possibilidades de uma candidatura dele
à prefeitura.
Os resultados não seriam tão desesperadores e Fernando Henrique
Cardoso fechou a questão. Serra tem que ser o candidato do PSDB. Ligou
para Geraldo Alckmin e pediu ao governador todos os esforços para
impedir a realização da prévia do partido marcada para março. E, mais do
que isso, pediu garantias de que Serra teria um amplo palanque no
primeiro turno. Com o apoio de partidos como PDT e PSB.
Alckmin teria garantido ao ex-presidente que se Serra for candidato
não fará jogo duplo. Que o apoiaria sem restrições e que ajudaria a
montar uma ampla aliança. Alckmin está negociando com o PSB o apoio a
candidatos do partido em São José do Rio Preto e em Campinas. E em
relação ao PDT, ofereceria a secretaria do Trabalho para o partido ficar
com Serra.
Além desses partidos, Serra ainda teria o apoio do DEM, PPS, PTB, PV e do PSD. Já que Kassab não teria como não apoiá-lo.
Ao ser indagado ontem por um vereador de sua base sobre a
possibilidade de Serra ser candidato, Kassab teria dito que as chances
eram de 10%. Até anteontem ele só falava em “chance zero”.
No PT, há quem ache que o prefeito fez todo esse movimento de
aproximação com o partido para criar um constrangimento futuro. Uma das
lideranças que não tem escondido essa opinião é Marta Suplicy. Para ela,
Kassab tem feito o jogo de Serra. O que ele quer é montar uma chapa com
o ex-governador candidato e seu secretário de Educação, Alexandre
Schneider, a vice. Esse seria o seu sonho de consumo. Pois com Serra na
prefeitura, Alckmin não reinaria sozinho. E Kassab poderia ser ou
candidato a vice ou a senador na chapa dos tucanos.
No PT a dubiedade de alguns movimentos do prefeito tem sido anotada.
Por exemplo, quando se reuniu com a direção do PSD para discutir os
rumos da eleição em São Paulo, Kassab teria emitido sinais de que ao fim
do encontro anunciaria que a prioridade era a aliança com Haddad. Mas
quando a reunião acabou, o anunciado foi de que Afif seria o candidato
do PSD.
PMDB na mira
Para o PT a candidatura de Serra não é imbatível. Entre outras
coisas, porque mesmo com um amplo palanque no primeiro turno, o tucano
teria muita dificuldade em ampliar no segundo. Sendo Serra o candidato e
tudo caminhando do jeito que está hoje, outras três candidaturas teriam
potencial. A de Haddad, a de Chalita e a de Russomano, que tem a Igreja
Universal por trás. A IURD pretende usá-lo como puxador de votos pra
montar uma bancada pelo PRB. Os bispos têm falado em eleger de 5 a 6
vereadores, o que resultaria numa bancada de 10% da Câmara Municipal,
que tem um total de 55 vereadores.
Se Serra fosse para um segundo turno contra Haddad, Chalita e
Russomano seriam decisivos. A Universal tem se aproximado muito de
Alckmin e poderia até apoiar Serra usando o argumento de que Haddad é o
pai do “kit gay”. Mas isso seria um rompimento declarado com o governo
Dilma. E talvez não seja o melhor momento para isso. Chalita e o PMDB
não teriam como apoiar Serra.
O acordo com o PMDB não passa neste momento por tentar tirar Chalita
do jogo (pode ser que se torne o objetivo), mas de garantir seu apoio
num eventual segundo turno com Serra. E neste sentido foi que se
costurou o veto de ontem do Diretório Estadual ao apoio do PT ao
candidato Gil Arantes, do DEM.
O adversário de Gil na cidade é Furlan, do PMDB. E o vice-presidente
Michel Temer estaria costurando uma aproximação entre Furlan e o PT.
Furlan já estaria inclinado a aceitar o acordo, abrindo as portas para o
PT participar do seu governo com até três secretarias.
O acordo com o PMDB também estaria esquentando em Santos, onde o
prefeito João Paulo Tavares Papa também gostaria de ter o partido como
vice na chapa do candidato que vier a apoiar. Em Santos, o difícil está
sendo convencer a deputada estadual Telma de Souza a abrir mão da sua
candidatura.
Em Santo André, Nilson Bonome, do PMDB, que era o supersecretário do
prefeito Aidan, do PTB, deixou o governo anunciando sua candidatura, mas
já estaria conversando com o deputado estadual Grana para fazer parte
da sua chapa.
Todas essas costuras com o PMDB teriam como objetivo pavimentar um
caminho para uma aliança mais ampla em 2014, que poderia ter na cabeça
de chapa ou um petista ou um peemedebista. Até porque nem os petistas
descartam a surpresa Chalita. Se ele vier a ganhar a eleição em São
Paulo, o PMDB passa a ser uma força com reais condições de costurar uma
grande aliança no estado.
A aliança com Kassab subiu no telhado. Mas o jogo das eleições em São
Paulo está sendo jogado de uma maneira muito mais intrincada do que a
cobertura política está noticiando. Não é só Kassab e o PT que estão se
mexendo. Há desde a IURD, passando por Serra, Alckmin, Paulinho da
Força, PSB, Temer e prefeitos de cidades importantes neste tabuleiro.
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