sexta-feira, 1 de julho de 2011

Jovens são as principais vítimas da violência

Publicado em 01-Jul-2011 no Blog do Zé Direu (www.zedirceu.com.br)

A violência no Brasil tem um alvo claro: rapazes jovens e negros. É o que o Ministério da Justiça e o Instituto Sangari revelaram nesta semana nas páginas no recém publicado "Mapa da Violência - os jovens do Brasil". Segundo o estudo, em 2008, a taxa de homicídios apurada entre os jovens é 258% maior que entre a população não jovem. E, em 92% dos casos, as vítimas eram jovens do sexo masculino. Outro dado comprova que a vitimização tem raça e cor. Na ponta do lápis, morreram 103% mais jovens negros do que brancos.

O trabalho de peso registra em 163 páginas recheadas de gráficos bastante ilustrativos, importantes aspectos da condição de violência juvenil. O estudo revela que a situação brasileira é preocupante, mas traz boas perspectivas. Pelos dados apurados – baseados em informações recolhidas até 2008 – o Brasil ostenta uma taxa de 52,9 homicídios juvenis para cada 100 mil habitantes.

As mortes de jovens em decorrência de acidentes de transporte ocorrem para 25,7 em cada 100 mil casos. Já, os suicídios subiram - se compararmos com os dados de 1996 - para 5,1 a cada 100 mil. A boa notícia é que a escalada de homicídios juvenis, entre a década de 80 e 2003, está se arrefecendo.

Aumenta a taxa de mortalidade entre os jovens

No entanto, um dado que preocupa é que, apesar de a taxa global de mortalidade na população ter caído para 568 em 100 mil habitantes em 2004, houve aumento desse índice entre jovens - de 128, em 1980, para 133 a cada 100 mil jovens, em 2008. Naquele ano, o Brasil contava com 34,6 milhões de jovens - entre 15 e 24 anos de idade, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse universo representava 18,3% do total de 189,6 milhões de brasileiros.

O levantamento constatou que, nas capitais, a proporção de jovens é menor. Eles correspondem a 17,6% do total de 45 milhões de moradores. Segundo o estudo, houve, ainda, a inversão na causa da morte entre os jovens. Se, há algumas décadas, as principais causas eram doenças e epidemias, hoje de 46.154 óbitos juvenis registrados, 33.770 têm origem em causas externas, como homicídios, acidentes de transportes e suicídios.

O conceito de juventude utilizado na pesquisa foi o da Organização Mundial da Saúde e da Organização Pan-Americana de Saúde, que compreende jovens entre os 15 e 24 anos. O estudo usa um conceito de violência amplo. O levantamento abrange, por exemplo, a violência intra-familiar, contra a mulher ou as crianças, a violência contra grupos, categorias sociais ou etnias, além de bullying e outras práticas.

Medo de assassinatos ainda persiste

Entre as conclusões do levantamento "Mapa da Violência - os jovens do Brasil", do Ministério da Justiça e o Instituto Sangari, (confira outros posts neste blog) está o fato de que políticas desenvolvidas a partir de 2003 conseguiram estancar o crescimento acentuado da violência em homicídios registrados nas décadas de 80 e 90. No entanto, a percepção da sociedade sobre a insegurança ainda é alta - 8 em cada 10 brasileiros têm medo de morrer assassinado.

O texto aponta diferentes iniciativas, tanto por parte dos governos (esferas municipal, estadual e federal), quanto por parte da sociedade civil, de combate a violência entre os jovens. Entre elas, ressalta políticas que coordenaram ações repressivas (retomada de territórios, melhoria da eficiência e articulação das estruturas de segurança pública) com ações preventivas (campanha pelo desarmamento, propostas para dar alternativa às drogas, à exclusão educacional, cultural e do mundo do trabalho).

A mudança de realidade do país - que cresceu, gerou empregos, reduziu a desigualdade e incluiu milhões de pessoas, além de importantes políticas públicas desenvolvidas - ajudou a estancar o crescimento destes índices e fizeram a juventude confiar mais na nossa capacidade de desenvolvimento. E vamos seguir por esse caminho com a presidente Dilma Rousseff.

Desafios

Já disse aqui quais os desafios que temos em relação à nossa juventude. Eles são grandes nas áreas de educação, inclusão social e digital, esporte, saúde, segurança, cultura, profissionalização e geração de emprego, transporte público, habitação, saneamento e participação política. Tais avanços tendem a ganhar corpo na medida em que houver maior presença do jovem na realização das políticas públicas. Essa combinação é que fará com que obtenhamos a queda nos índices de violência. A juventude não deve ser vista como um problema, mas como uma importante parcela da população detentora de direitos. E, certamente, partícipe do nosso desenvolvimento.
VEJA O TEXTO INTEGRAL DO ESTUDO EM http://www.sangari.com/mapadaviolencia/pdf2011/MapaViolencia2011.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário