sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DEPOIS DE DECLARAÇÕES COM CRÍTICAS A MINISTRAS DO GOVERNO DILMA, NELSON JOBIM DEIXA O MINISTÉRIO DA DEFESA

Posted by agenciaeducapolitica em 5 agosto, 2011

Com uma situação já deteriorada em função de recentes declarações envolvendo o governo, a oposição e, agora, ministras do governo Dilma, Nelson Jobim deixou o Ministério da Defesa ontem (04/08), pouco depois das 20h. A reunião com a presidente Dilma durou menos de cinco minutos segundo a assessoria do Planalto.
Jobim já figurava há tempo como uma carta fora do baralho no governo Dilma, causando uma série de desconfortos à presidente com suas declarações um tanto impróprias para um ministro do governo. O site Wikileaks também divulgou recentemente informações de que o ex-ministro atuaria como uma espécie de informante do governo junto aos EUA. Por essas e outras, mantê-lo no cargo não fazia mais sentido seja para a sustentação política do governo, seja para sua articulação interna.
O Ministério da Defesa é o terceiro que passa por mudanças no governo Dilma. Depois da saída de Antonio Palocci da Casa Civil e de Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes, Nelson Jobim é o terceiro ministro a deixar o cargo, fato que pode figurar como mais um sintoma de que o governo Dilma vai, aos poucos, adquirindo sua própria forma.
O ex-ministro Nelson Jobim, que gostava de usar uniformes militares, sempre teve muito prestígio junto ao grupo defendendo, sempre que possível, os interesses da classe. Na discussão sobre a Comissão da Verdade, por exemplo, Jobim se posicionou de forma contrária à divulgação de documentos secretos da ditadura militar, pois muitos deles atingiriam diretamente o grupo militar.
Quem ocupará a pasta no lugar de Jobim é o ex-chanceler do governo Lula, Celso Amorim.




Alguém chora por Jobim: Catanhede, da Folha

O velório político do ex-ministro Nélson Jobim já tem sua carpideira maior – e acho que única. Só podia ser ela, Eliane Catanhede, que funcionou, muitas vezes, como uma espécie de sua porta-voz informal, especialmente no caso da compra dos caças, no programa FX-2.

Sob Jobim, e com seu beneplácito, Catanhede passou a citar “fontes militares”, todas elas, claro, próximas ao agora ex-ministro.

Supostamente com estes contatos – se é que não teve conversas com Jobim – a trepidante especialista em assuntos militares diagnostica que a mudança desagradou aos militares. E atribui a uma de suas altas fontes uma observação mais do que tosca, que não faz justiça ao preparo de nossos oficiais superiores.

“Desde quando diplomata gosta de guerra? É como botar médico para cuidar de necrotério. Parece brincadeira”.

Ao que se saiba, médico não gosta de doença, mas se prepara para enfrentá-las, como generais não “gostam” de guerra, mas se preparam para travá-las, se necessário. É aquela frase do estudioso militar romano, Publius Flavio Vegecio: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”.

E as tais “boas relações” de Jobim com os militares, mesmo na análise de Catanhede, não resistem mais do que quatro parágrafos. Segundo ela, as bases militares – esta base aí certamente não são soldados e cabos, mas oficiais-generais - achavam o óbvio: que Jobim era “arrogante” e que se “comportava como se fosse o dono das Forças Armadas”.

Celso Amorim ou Dilma não terão problema algum com os comandos militares. Ao contrário, a entrada do ex-chanceler azeita as relações entre Governo e Forças Armadas, que deixam de ser eclipsadas pela sombra da antipatia e mandonismo de Jobim.

É só esperar para ver: saudades de Jobim, só mesmo as da D. Catanhede.

PS. Para não ser injusto, também o líder do PSDB, Duarte Nogueira, lamentou a saída de Jobim. É comprensível. É duro para os tucanos perderem um ministro.

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