segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Uma pedra no caminho de Dilma

29 de agosto de 2011 às 12:05 por Mauricio Dias, em CartaCapital

A pedra no caminho de Dilma é a eleição municipal de 2012. E é uma pedra irremovível porque reflete o confronto entre os anseios políticos expansionistas do PT e do PMDB, partidos que formam a viga mestra da ampla aliança político-eleitoral vitoriosa, com ela, em 2010.

Na prática, a tradução dessa imagem é o que se vê escancarado diariamente no noticiário: a luta por cargos estratégicos no segundo escalão da administração federal e, também, a pressão pela liberação das verbas de emendas parlamentares, no Orçamento da União, em geral destinadas às prefeituras. Um dinheiro que, curiosamente, põe em rota de colisão o modesto interesse municipal com a ambiciosa necessidade nacional de conter impactos da crise internacional na economia.

Embora o conflito possa ser contido, ele é, mais do que a demissão de ministros e funcionários de partidos da base, a tormenta na rota de navegação da nau dos aliados governistas.

“Ela (Dilma) está absolutamente condicionada a decisões que o PT e o PMDB tomem”, observou o governador cearense Cid Gomes, com uma precisão que traduz, também, a natural ponta de ciúme de um partido numericamente menor da base de apoio a Dilma no Congresso.

Não por acaso, PT e PMDB afiam as garras nas próximas semanas.

O PT se antecipa. No congresso que fará entre os dias 2 e 4 de setembro, o partido pretende ordenar as coordenadas que conduzirão a campanha petista, especialmente nas 117 cidades do País com mais de 150 mil eleitores. A meta do partido é fugir do confinamento no interior, os chamados grotões. Uma possibilidade projetada pelo desempenho da legenda a partir da eleição municipal de 2004 e após a vitória de Lula para a Presidência, em 2002 (tabela 1, abaixo).


O PT, que já era forte nas regiões mais urbanizadas, tomou conta das pequenas cidades com até 10 mil habitantes e entre 10 mil e 20 mil, e desloca gradualmente o muy amigo PMDB e o adversário DEM, tradicionais “donos” desses votos.

Nesse universo eleitoral, o PT foi vitorioso em 2008. Assim como ganhou, também, em 28 das maiores cidades brasileiras, secundado pelo PMDB com 17. Os petistas são fortes no topo e na base da pirâmide eleitoral (tabela 2, abaixo).


Em 15 de setembro, o PMDB realiza, em Brasília, o fórum O PMDB e os Municípios – Cidadão, Cidade e Cidadania, Uma Vivência Democrática, nome tão longo quanto a pretensão eleitoral do partido. Tudo sob o comando do vice-presidente Michel Temer e com a presença de governadores, parlamentares, vereadores e prefeitos de todo o País. Um contingente numericamente imponente.

O PMDB ainda é o partido que mais conquista prefeituras, considerando o desempenho em toda a década passada. Esse é o ponto forte da legenda que, em 2008, elegeu 1.195 prefeitos. Uma recuperação em relação às eleições de 2004, quando elegeu 1.054. Abaixo, porém, dos 1.257 prefeitos de 2000.

A marcha do PT nas eleições municipais com a conquista de quase 600 prefeituras em 2008 e após fazer, em 2010, a maioria na Câmara, superando o PMDB, dá um colorido especial a esse confronto eleitoral, que, no fim, é ruim para Dilma.

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