segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lula articula apoio sindical a Haddad

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Idealizador da candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, a prefeito de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estruturou uma cúpula informal de pré-campanha de petistas que, como ele, são oriundos do meio sindical. Ela é formada por políticos e sindicalistas da Grande São Paulo, motivo pelo qual seus correligionários batizaram a estratégia de "Operação ABC".

À frente deste grupo estão o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, e o de Osasco, Emídio de Souza, ambos ex-sindicalistas. O braço operacional é o vice-presidente estadual do PT e vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.

Juntos, já conseguiram a adesão de três vereadores petistas sindicalistas de São Paulo. Alfredo Cavalcante, o Alfredinho, ex-funcionário da Ford de São Bernardo do Campo e ex-diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Francisco Chagas, diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e Plásticas de São Paulo e Região. E Carlos Neder, médico ligado ao Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde (SindiSaúde-SP).

O objetivo desse grupo é utilizar a força dos sindicatos do ABC paulista para deflagrar o movimento pró-Haddad para dentro dos sindicatos do município de São Paulo ligados à CUT e, consequentemente, para a militância petista. Esse movimento, avaliam, é necessário, tendo em vista que o ministro não tem nem grupo político dentro do diretório paulistano e nem uma militância organizada para trabalhar pelo seu nome. Por essa razão, buscaram nos municípios vizinhos com tradição sindical a capilaridade necessária para fazer crescer o nome de Haddad no PT.

"O que está havendo é dirigentes do PT com origem sindical ajudando neste primeiro movimento de levar o Haddad para os bairros, os diretórios zonais, as plenárias. Para que ele possa se apresentar e mostrar sua cara", afirma Marques, considerado dentro do PT como homem de confiança de Luiz Marinho.

Ele inclusive articulou para que Haddad comparecesse, na quarta-feira, à 13ª plenária estadual da CUT em Guarulhos. A central aceitou, mas houve uma avaliação posterior dos petistas de que configuraria conflito de interesse, uma vez que ele teria de sair de Brasília para participar no meio da semana de um ato de sua pré-campanha.

A CUT-SP diz não ter um nome ainda para apoiar, mas é inegável que a opinião de Lula e Marinho exerce grande influência sobre os sindicatos. "Evidente que a opinião do Lula e do Marinho tem muito peso e acaba tendo um reflexo em outras pessoas. Nós sempre ouvimos o Lula e damos muito valor para as posições que ele toma", afirma o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos.

Tamanha é a dimensão da força-tarefa sindical em favor de Haddad que ela acabou por acirrar as divergências internas dentro do PT paulista. Lideranças do partido no Estado veem nesse movimento uma estratégia de Marinho e Emídio para, tal qual o ministro, garantirem a preferência de Lula por eles nas eleições de 2014. Por essa avaliação, Marinho busca ser o ungido de Lula para a disputa ao Palácio dos Bandeirantes, enquanto Emídio se cacifa para a única vaga que haverá no PT para o Senado.

Além da benção de Lula, ambos, segundo um petista, juntam-se agora para enfraquecer o grupo do deputado federal João Paulo Cunha para as eleições internas do PT em 2013, determinantes para a escolha dos nomes em 2014.

João Paulo sempre controlou sua corrente em São Paulo, a Construindo Um Novo Brasil (CNB). Entretanto, após ser atingido pelo escândalo do mensalão em 2005, Marinho passou a ser o quadro em ascensão da CNB no Estado. Tanto que nas eleições de 2010 Emídio se afastou dele devido às preferências de cada um nas eleições para a Assembleia Legislativa e não se empenha em angariar votos para ele em Osasco, a base eleitoral dos dois.

Um deputado ligado a Marinho, contudo, tem outra avaliação. Diz haver grande dificuldade em alguns petistas de aceitar que Lula optou por Haddad; que no horizonte está a candidatura de Emídio a presidente do PT-SP em 2013, função incompatível com o cargo de senador; e que Marinho tem chances de se candidatar a governador, mas dentro de um cenário em que o "candidato natural", o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não queira se candidatar.

O próprio Emídio diz não haver qualquer projeto para 2014 por trás da candidatura Haddad: "O que há é uma discussão sobre o futuro do PT e a disputa na capital influencia toda a Grande São Paulo. Queremos um candidato competitivo e que dialogue conosco." Segundo ele, "Haddad dialoga muito bem com um setor relutante a nós, como intelectuais e a classe média" e que "nosso problema é fazer esse diálogo e ampliar o diálogo com outros setores".

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