quinta-feira, 1 de março de 2012


As estratégias da campanha para São Paulo

Por wilson yoshio.blogspot
Do Jornal da Tarde
Kassab pesa mais que denúncia, diz analista
GILBERTO AMENDOLA
Nem o temor do eleitorado de uma possível renúncia para, novamente, concorrer à Presidência da República, nem a carga de responder às denúncias do livro A Privatária Tucana tendem a tirar de José Serra (PSDB) o favoritismo na eleição.
Para cientistas políticos, ouvidos pelo Jornal da Tarde, a candidatura do tucano deve se preocupar com outros temas no meio do processo eleitoral. Para o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Serra e PSDB precisam evitar a “nacionalização” da campanha municipal.
p>“Parece que essa é a tendência do Serra. Ele já fez declarações afirmando que a eleição de São Paulo tem importância no jogo nacional… Tem, mas o eleitorado da cidade vai estar muito mais interessado em questões concretas e locais”, diz. “A campanha tem que ser sobre a qualidade de vida na cidade: trânsito, creches e coisas do tipo. Ao nacionalizar o discurso, muitos eleitores podem enxergar uma insistência, sem procedência, numa candidatura Serra à Presidência”. O cientista político e especialista em marketing Marco Iten segue o mesmo raciocínio de Tavares. “O curioso é que essa nacionalização começou do lado do PT, com a presença do Lula nas discussões pré-eleitorais. Mas, agora, devido à saúde do ex-presidente, quem está puxando a nacionalização é o PSDB. Acredito que o eleitor de São Paulo tem preocupações bem específicas – e sabe separar o jogo municipal da disputa nacional”.
Mas Tavares e Iten crêem que o antipetismo em São Paulo é forte o suficiente para absorver a desconfiança de que Serra interromperia o mandato e relativizar estragos do livro A Privataria Tucana – que levanta suspeitas sobre o ex-governador no processo de privatizações na era FHC; Serra nega acusações e chama o livro de “lixo”. Para eles, a obra não foi lida pelo eleitor médio.
O velho e os novos
Segundo o cientista político Orson Camargo, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Serra enfrentará problemas se o eleitor estiver empenhado em uma “renovação política”. “Se a gente comparar Serra com outros candidatos já colocados, como Fernando Haddad (PT) e Gabriel Chalita (PMDB), ele será o representante mais velho. O Serra vai ser aquele que sempre esteve aí (disputando eleições e ocupando cargos)”, diz.
 “E claro que ser mais novo não significa ser mais moderno, cabeça aberta ou um político melhor. Mas o fato é que os outros nomes na corrida à Prefeitura são mais novos do que Serra. Pode ser uma questão meramente plástica, mas ela será importante”.
Efeito Kassab
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) chegou bem perto de fechar um acordo com o PT, mas, com a entrada de Serra na corrida, voltou atrás. Numa analise mais apressada, o PSDB ganhou e o PT perdeu. Mas não é o que pensa o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “O ponto mais negativo numa campanha Serra será a ligação dele com o prefeito Gilberto Kassab”, diz.
Praça afirma que a “gestão Kassab foi desastre” e que “vai ser difícil convencer o eleitor de que o político que colocou o Kassab na Prefeitura (referindo-se ao fato de o hoje prefeito ter sido vice de Serra) fará algo diferente do que o atual tem feito”. Segundo Praça, a desconfiança sobre uma possível ida de Serra para o partido de Kassab em 2014 (para concorrer a presidência) adiciona mais problemas à candidatura tucana.

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