Procurador reabre casos de desaparecidos na ditadura
Ministério Público Militar usa artifício jurídico para driblar Lei da Anistia
De O Globo
O deputado cassado e desaparecido durante a ditadura militar, Rubens Paiva, ao lado da mulher e dos filhosÁLBUM DE FAMÍLIA
Procurador quer documentos das Forças Armadas
Para apurar o caso de Carlos Alberto, o Beto, o promotor ouviu como testemunha Inês Etienne Romeu, que, milagrosamente, sobreviveu à Casa da Morte e, depois, conseguiu localizar o imóvel. Ela declarou que ouviu dos militares que estavam lá que Beto desapareceu na Casa.
- Mandei um documento aos comandos militares pedindo informações e todos os documentos existentes sobre a Casa da Morte. Os comandantes militares entendem que ainda têm status de ministros e me informaram que eu não podia requisitar. Encaminhei o pedido à Procuradora Geral da Justiça Militar, que enviou o pedido. Eles responderam que não há informação - diz o procurador.
O promotor acha que há documentos dentro das Forças Armadas sobre esses fatos ou, pelo menos, informação sobre como foram destruídos.
- O militar destruir documento é crime. Quando um militar destrói um documento, ele tem que fazer um termo explicando a decisão.
Bravo foi a primeira autoridade a ouvir, após 40 anos, Eliana Paiva, uma das filhas de Rubens, que, aos 15 anos, foi presa, agredida e interrogada no DOI-Codi, no dia seguinte à prisão do pai. Portanto, testemunha-chave.
- Nem no IPM de 1986 a Eliana foi ouvida. Isso é inacreditável - comenta o promotor.
Bravo lamenta que o Brasil tenha a “mácula” de ser o único país da América Latina que não investigou crimes do regime de exceção, mas diz estar confiante com a instalação da Comissão da Verdade. O promotor de 43 anos, filho e neto de militares, rejeita o argumento de que há dois lados a serem investigados.
O programa “Espaço Aberto” sobre Rubens Paiva, exibido nesta quinta-feira na Globo News, será reapresentado nesta sexta-feira às 16h05m; sábado às 0h30m e domingo às 19h05m.
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