segunda-feira, 23 de abril de 2012

A realidade do trem e o desejo do monotrilho

Terminais de transporte, Transporte público, obras públicas | 22:19. In: CidadeS.A.; por Rubens de Almeida

Na semana em que o Governo Federal sancionou uma moderna e adequada Lei da Mobilidade, para orientar os municípios a reverem suas prioridades e preferências no momento de determinar  investimentos no transporte de pessoas, dois fatos sobre meios de transportes de massa sobre trilhos ganharam destaque na mídia.

Estações lotadas em função das panes: sabotagem ou manutenção deficiente?
O primeiro se refere aos três dias seguidos de panes nos sistemas de trens urbanos de São Paulo, cujas razões foram até agora pouco ou nada esclarecidas. Aliás, como a maioria das falhas de operação que ocorrem nos vários serviços de trem das maiores cidades brasileiras.
Na falta de maiores informações,  o próprio governo acena com a possibilidade de sabotagem, sem perceber que essa acusação destrói a credibilidade do sistema e gera ainda mais insegurança para os usuários das linhas. Seria melhor assumir que as falhas decorrem da manutenção deficiente (que envolve fiscalização e segurança das instalações) e que sempre podem e devem melhorar.
O outro assunto da semana foi a divulgação retumbante do início das obras do monotrilho em São Paulo.
A oportuna Linha 17 Ouro promete fazer a ligação entre  a estação Jabaquara do Metrô, na Linha 1 Azul,  até a estação São Paulo-Morumbi, na Linha 4 Amarela, passando pelo Aeroporto de Congonhas, cruzando a avenida Santo Amaro até a região dos escritórios na Berrini, chegando ao estádio do Morumbi e à Linha Amarela do Metrô, aliás como tão bem registrou o iG, com várias eesclarecedoras visões da cidade  “antes e depois” da sua futura implantação .
Visão ideal x mundo real

As imagens de divulgação do futuro monotrilho em São Paulo mostram uma implantação perfeita...
As ilustrações disponibilizadas para a divulgação da obra na imprensa sempre trazem uma visão positiva do novo serviço de transporte, o que é natural. Mas as falhas recorrentes nos trens metropolitanos mostram que a vida real é sempre pior do que o imaginado ou prometido pelos operadores do sistema.
Um mau exemplo é o entorno real da nova estação Pinheiros, ainda em obras, exatamente um ano após ter sido entregue à operacão em 28 de março de 2011. A região não aparenta que ganhou qualidade de vida pela chegada do Metrô e a implantação da nova estação.

...pena que a situação nas proximidades da estação Pinheiros do Metrô seja outra, um ano depois da entrega
Na última quarta-feira os usuários do metrô que tentavam fazer a integração saiam do metrô, viam a estação de trem absolutamente lotada em função das panes e tentavam alternativas, andando pelas ruas do entorno sem conseguir taxi ou ônibus. E ainda tinham que disputar as vias próximas com máquinas, carros estacionados, valas e muita sujeira.
Um flagrante bem diferente da visão do futuro monotrilho, exatamente onde os investimentos públicos deveriam fazer a diferença, já que é nas estações que as linhas de trem, metrô e monotrilho se conectam com a cidade real e com o acesso dos cidadãos. Por que tanto descaso com o entorno das estações? Será que o Metrô esqueceu de fazer os ajustes de infra-estrutura a tempo de entregar tudo pronto?

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