segunda-feira, 20 de junho de 2011

Rui Falcão: PT vai priorizar parceria com o PMDB nas eleições municipais de 2012

Notícias / Nacional | 08:49 20/06/2011

Em entrevista publicada neste domingo pelo jornal Correio Braziliense, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reafirmou que os peemedebistas devem ser os "parceiros prioritários" nas eleições municipais de 2012.

Para Falcão, é natural que os partidos disputem espaço no governo federal por serem as duas maiores legendas de apoio à presidente Dilma Rousseff. Mas ele acredita que ambos não abrirão mão do princípio fundamental da aliança: "O importante é que a gente não perca a dimensão de um projeto maior, que é o governo da presidente Dilma".

Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Qual a posição do PT sobre o sigilo eterno para alguns documentos oficiais?
A lei de acesso à informação é um grande avanço para a sociedade brasileira porque define a informação como bem público. Estabelecemos uma questão: nada que diga respeito à violação dos direitos humanos, seja por meio de agentes públicos ou privados, pode ser objeto de sigilo. A nossa presidente é inflexível na questão dos direitos humanos.

Não está havendo um acirramento na relação PT-PMDB por conta da disputa dos cargos no segundo escalão?
O PMDB é um parceiro prioritário para as eleições de 2012. Acho natural que partidos do tamanho de PT e PMDB lutem por espaço. O importante é que a gente não perca a dimensão de um projeto maior, que é o governo da presidente Dilma.

O PT saiu chamuscado após a crise política que culminou com a saída do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci e do ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio?
Nas pesquisas que realizamos não houve desgaste para o PT nesse episódio. Até porque todas as iniciativas do ministro Palocci foram consideradas pelo Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, lícitas e legais.

Como fica a situação de Palocci no partido após a saída dele da Casa Civil?
O Palocci foi presidente do diretório de São Paulo, coordenou a campanha para o governo do Estado em 1998 e é uma liderança importante no PT. Não há restrição à atividade político-partidária dele. Ele vai fazer uma quarentena, pretende fazer uma viagem e, em seguida, vai retomar as atividades e mantém o respeito da militância do PT.

Qual a avaliação da entrevista dada pelo secretário-geral do PT, Elói Pietá, afirmando que não é bom para a base do partido a ampliação dos petistas empresários?
Eu acredito que as questões no PT não dizem respeito à renda de cada um. Elas dizem respeito ao cumprimento do nosso programa e o compromisso com o nosso projeto estratégico de construir uma sociedade com justiça, igualdade e fraternidade.

A reforma política vai emperrar de novo? O alerta do ex-ministro José Dirceu, de que é melhor parar tudo se for aprovar algo pior do que está hoje, tem fundamento?
Claro que o PT esperava uma reforma mais ampla, que viabilizasse realmente o princípio uma pessoa, um voto. A gente teria mais possibilidade de participação das pessoas e o processo democrático não ficaria restrito à eleição. Mas nós concentramos nossas reivindicações em quatro pontos: financiamento público exclusivo de campanha, lista democraticamernte elaborada, fim das coligações proporcionais e fidelidade partidária.

A base do partido começa a rejeitar a lista.
A elaboração de uma lista não teria problema dentro do PT. Em outros partidos, com suas determinadas práticas oligárquicas, realmente há o risco de perpetuação dos detentores do mandato e um controle das burocracias na feitura das listas.

Qual a avaliação da disputa em Minas Gerais após as primeiras conversas para a sucessão municipal?
O PT tem muita força em Minas. É onde temos o maior número de prefeituras. Governamos mais de 100 municípios e, nas principais cidades, temos boa perspectiva de continuidade.

Mas em Belo Horizonte, o PT mantém a aliança com o prefeito, Márcio Lacerda (PSB), ou lança candidato próprio?
Temos condições de lançar candidatos próprios em praticamente todas as grandes cidades do país. Onde existe um aliado nosso encabeçando a prefeitura, a tendência é mantermos as alianças. Naturalmente, dentro de certos critérios: programas comuns de governo e participação em condição de tocar esses projetos. E, nas alianças, não contemplamos a possibilidade de convivência com PSDB, DEM e PPS.

Se o PSDB apoiar a reeleição do Márcio Lacerda, a tendência é ter candidato próprio?
Nós temos uma aliança com o PSB, que é uma parceiro histórico em todo país. O Diretório Nacional vai acompanhar os debates que estão sendo feitos em Minas Gerais.

Como está o debate da reforma do estatuto do PT? Há a ideia de criação de um novo dízimo e de extinguir a eleição direta para a Presidência do partido?
Para os cargos eletivos e os chamados cargos de confiança, ninguém propõe que seja alterada a contribuição no modelo que existe hoje (6% a 20% do vencimento líquido no primeiro caso e 2% a 10% do vencimento líquido no segundo). O debate é em relação ao militante comum, que é a grande maioria. Não se sabe se deve prosseguir a contribuição voluntária ou se deve estabelecer o mínimo mensal, que daria R$ 60 por ano, R$ 5 por mês, o equivalente a 1% do salário mínimo.

Em relação ao fim da eleição direta para presidente do PT?
Eu vejo pouca possibilidade de isso ocorrer.

Houve incômodo do PT com o telegrama da presidente Dilma para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, parabenizando-o pelo aniversário e dizendo que ele é um dos responsáveis pela estabilidade econômica do país?
Não vi incômodo algum. A presidente, ao mesmo tempo em que cumprimenta o ex-presidente, assinala que temos projetos diferentes e que isso está no âmago do debate democrático.

Alguns petistas reclamaram que este telegrama destruiu o "nunca antes na história deste país"...
Mas o presidente Lula nunca disse que o Brasil só começou depois de 2003. Pelo contrário, se fizesse isso negaria a própria formação do PT. O que ele sempre ressaltou foram as mudanças profundas que se realizaram no governo dele e, aí sim, nunca antes na história do país tinham se concretizado.

Mas esse reconhecimento não diminui a força do discurso petista, de que o governo Lula adotou um modelo econômico diferente do de FHC?
Em nenhum momento a presidente disse isso e a nossa política econômica foi radicalmente diferente. Rompemos totalmente nossa dependência com o exterior, pagando nossa dívida com o FMI. Estabelecemos um novo padrão de relações comerciais, conseguimos reservas fortes que nos livraram da crise de 2008. Combatemos a crise sem provocar recessão. E isso se dá agora no combate à inflação, sem provocar desemprego ou deter o processo de crescimento.

Não houve então uma exaltação?
Você reconhecer o papel de ex-presidentes não significa exaltação ou ausência de crítica. As pessoas que reconhecem, por exemplo, o papel do ex-presidente Getúlio Vargas, em nenhum momento legitimam o Estado Novo

Correio Braziliense

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